Como venci a ignorância com determinação e perseverança
Publicado em: 05/10/2021
Quando eu era criança, já tinha o empreendedorismo e a liderança aflorados. Era super curiosa e criativa. Infelizmente, no local onde nasci, curiosidade e criatividade não eram incentivados. Quanto mais eu me moldasse ao padrão, melhor. Mas, como empreendedora, eu nunca quis saber do padrão. Então, imagine como foi minha infância…
Um dia, a professora do pré-primário nos pediu para fazer um desenho. Eu fiz uma flor e fiquei olhando um tempão na direção da lousa, pois em cima tinha o alfabeto pendurado. Queria saber como usar as letras e formar palavras. Já tínhamos passado da metade do ano e ela ainda não tinha nos ensinado a ler e escrever. Eu e as outras crianças íamos para a escola mais para brincar do que para aprender, porque simplesmente não nos ensinavam nada.
Nesse dia específico, eu perguntei a ela: “Professora, como se escreve flor?”. Ela respondeu: “Como você acha que escreve?”. Eu, que mal tinha completado 6 anos, olhei para as letras do alfabeto e sorteei aquelas que eu achei interessantes e coloquei no papel. Quando terminei, fui toda contente mostrar para ela o que eu tinha feito. Ela olhou para mim com um ar de deboche e disse: “Mas, o que você escreveu aí?”. E eu, inocente, respondi: “Escrevi flor, professora”. Ela, se sentindo a super top das galáxias, me disse: “Querida, aí não está escrito flor”. Meu mundo simplesmente veio ao chão. Primeiro, ela me disse para escrever o que eu imaginava que fosse a palavra; depois, me tornei piada. Pedi para que ela me mostrasse como escrever do jeito certo. Ela deu um jeito de fugir da conversa e me evitou o resto do dia.
Aprender a ler e escrever era questão de honra!
No restante que faltava para acabar a aula, eu não conseguia mais prestar atenção em nada. Fiquei cozinhando aquela cena na minha cabeça várias e várias vezes. Quando cheguei em casa, eu estava inconformada. Fui conversar com minha mãe sobre o que aconteceu e eu disse que não queria mais ser ridicularizada por não saber algo. Minha querida mãe que, graças ao Criador, sempre foi diferente dos outros familiares e conhecidos, também ficou inconformada com a situação e, mesmo não tendo terminado o ensino médio na época, se colocou à minha disposição para me ensinar a ler, escrever e calcular. Ela foi a primeira professora de verdade que tive.
Mesmo após um dia difícil e cansativo, ela começou a me ensinar a desenhar as letras e a formar palavras. Eu me empolguei tanto, que minha primeira cópia foi a música Olhos de Luar de Chrystian & Ralf. Se você pesquisar na internet, vai saber o tamanho do desafio que eu escolhi ultrapassar com apenas 6 anos de idade. E eu fiz a cópia no caderninho da pré-escola que eu nunca usei em sala de aula.
Um tempo depois, a professora veio novamente com a ideia de fazermos um desenho. Enfim, o momento da minha vingança tinha chegado. Eu fiz um novo desenho com várias flores e dessa vez escrevi várias palavras. Quando ela viu, ficou com cara de quem comeu e não gostou, e me perguntou como eu tinha aprendido aquilo. E eu, toda orgulhosa, disse que minha mãe tinha me ensinado. Desde então, minha mãe teve que enfrentar a fúria da escola e da professora, porque disseram que ela estava atrapalhando o andamento natural do meu aprendizado. Tudo o que puderam fazer para ver se ela parava de me ensinar, eles fizeram. Ainda bem que minha mãe não se importou com isso e continuou cumprindo com sua missão.
Quanto mais ela me ensinava, mais eu queria aprender. Naquela época, foi difícil para minha mãe conter tanta vontade, pois não tinha internet e nem livraria na cidade. Minhas primeiras leituras foram gibis, porque a banca de jornal era o único lugar onde podíamos comprar algum material de leitura. Mas, ela fez tudo o que podia. Até anotar as letras das músicas que tocavam no rádio para eu copiar, ela fazia.
Resolver problema não é só na matemática...
O momento épico foi quando ela me ensinou a calcular. Foi como se eu ouvisse fogos de artifício. Entrei no primeiro ano de escola sabendo ler, escrever e fazer cálculos. Daí outro pesadelo começou. A primeira professora estava grávida e logo no começo das aulas precisou sair de licença maternidade. Passamos por pelo menos 3 substitutas em poucas semanas. E não aprendíamos nada. Parecia que era o repeteco da pré-escola. Minha mãe continuou me ensinando através das matérias da cartilha para que eu continuasse evoluindo.
Um belo dia, a última professora que estava lecionando para nós foi fazer uma conta de subtração na lousa. O resultado dela ficou bem diferente do resultado que eu havia feito no meu caderno. Então, eu disse para ela que a conta estava errada, porque eu já havia feito a conta duas vezes e o resultado não era aquele. Ela veio com um olhar ameaçador diante de mim e me disse que já que eu era a “sabe-tudo” que eu deveria fazer o cálculo na lousa. Acho que ela imaginou que eu não iria saber fazer ou que ficaria com medo. Realmente, ela não me conhecia...
Eu fiz o cálculo na lousa, explicando cada passo que fiz. Ela se deu conta de que realmente estava certo o meu resultado, mas, ao invés de ganhar um elogio ou um prêmio, ela só me mandou sentar e ficar quieta. Apagou tudo e começou a xingar todo mundo. Como eu era criança, não tinha noção de que um adulto poderia ficar com o ego ferido por ter sido corrigido por alguém que mal tinha saído das fraldas. Talvez, ela estivesse com outros problemas na cabeça e acabou misturando tudo. Vai saber...
Saímos para o intervalo e quando retornamos para a aula, ela começou a criticar tudo o que eu fazia. Para encurtar a história, ela disse que era para ficarmos em silêncio, porque ela estava com dor de cabeça, e queria que copiássemos o que estava na lousa. A menina que estava sentada atrás de mim começou a me cutucar e quando eu virei para dizer para ela parar com aquilo, foi o motivo que a professora precisava para dizer que eu era indisciplinada e me mandou para trás da porta.
Mais uma vez, fiquei horrorizada. Eu estava sendo punida por querer aprender. Quando conto essa história hoje, nem eu acredito que passei por coisas estranhas assim. Mas, infelizmente, foi real. Os meninos ficaram jogando papel e elásticos em mim até que o sino da saída tocou. Eu saí chorando e quando cheguei na porta da escola, obviamente, minha mãe queria saber o motivo de tanta choradeira. Quando contei o ocorrido, imediatamente ela foi na diretoria da escola exigir que eu fosse trocada de sala. Eles relutaram um pouco, até que ela disse que chamaria a polícia para resolver a questão. Naquela época, esse tipo de ameaça funcionava. No dia seguinte, comecei na nova sala e finalmente tive ensino de qualidade até o final da quarta série.
O que quero ensinar com essa história é que não devemos nunca nos conformarmos com algo medíocre porque outros querem nos impor essa realidade. Se não fosse por minha inconformação e persistência associadas à perseverança e determinação de minha mãe, eu nunca teria tido acesso à um ensino de qualidade no primário. E você pensa que a luta terminou por aí? Muita coisa estranha aconteceu ao longo da minha vida, mas eu nunca permiti que isso se tornasse um obstáculo. Na época, nem eu e nem ela conhecíamos os conceitos de física, energia e nem como isso influenciava nossa vida. Nosso primeiro contato com essa ideia veio somente 16 anos depois.
Se você passou por algo semelhante ou está enfrentando algum desafio atualmente, espero que ao conhecer um pouco da minha história, você possa se inspirar para continuar perseverando até superar isso de vez. Posso afirmar com total segurança que cada etapa que você passa, na fase seguinte fica mais fácil, porque você já criou uma certa resistência interior. Na Bíblia, aparece várias vezes a expressão “firme como uma rocha”. É exatamente assim que me vejo hoje.
Se essa leitura faz sentido para você, deixe seu comentário, e se você achar que ela pode ser útil para outra pessoa, compartilhe. Eu agradeço pela sua atenção.
Até a próxima!
Sou Nathalie Gomes, Palestrante, Consultora, Coach Executiva, Comunicadora, Mentora, Empreendedora e Visionária. Minha maior riqueza é o conhecimento que acumulei ao longo da minha existência. Me formei em Administração e MBA Executivo em Coaching, possuo 20 anos de experiência em Empreendedorismo, Marketing, Vendas, Comunicação, Gestão de Negócios e MPEs (Micro e Pequenas Empresas). Sou especialista autodidata em psicologia comportamental, inteligência emocional/espiritual e assédio moral. Como posso ajudar no seu desenvolvimento pessoal e profissional? Entre em contato: comercial@acordeparavencer.com.br
*Foto do início do post: picjumbo_com (Pixabay.com)
*Foto do meio do post: Pixabay (Pexels.com)
*Foto do final do post: acervo pessoal
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Bom dia
ResponderExcluirParabéns pela sua história!
Gratidão por acompanhar o Acorde para Vencer. 💜
ExcluirUM POUCO DA MINHA HISTORIA!
ResponderExcluirNasci Vila Nova ,em São José município de Coribe no interior da Bahia ,sou de uma família humilde com 10 irmãos ,morei na roça até os 14 anos e andava cerca de 8 km pra ir a escola todos os dias ,depois tive que sair de casa pra estudar em outra cidade ,terminei meu segundo grau e me mudei pra Brasilia ,onde tive meu primeiro emprego como cumim (ajudante de garçom),depois fui promovido pra garçom,chefe de praça ,supervisor de salão,subgerente,Gerente e Gerente Geral,durante esse periodo fiz um curso superior e uma pos_Graduação,me motivei e sair da empresa onde trabalhava a 14 anos pra abrir meu próprio negócio. Um pequeno restaurante que está em crescimento ,...
Com a pandemia ,tem sido muito desafiador , continuar com as portas abertas ,acumulamos muitas dívidas , preciso de um socorro financeiro para continuar sonhando em um dia ter um restaurante de sucesso.
Olá,
ExcluirAgradecemos por compartilhar sua trajetória de vida conosco!
A determinação e a perseverança sempre estiveram presentes em sua vida. Tenho certeza de que cada vitória ampliou seu conhecimento para que você chegasse a uma nova etapa. Os desafios são como um quebra-cabeças, onde temos que ir montando peça por peça, para, no final, descobrimos o panorama completo. Minha sugestão é que você continue trabalhando suas crenças interiores para transcender o paradigma que está impedindo a conquista completa do seu objetivo. Continue acompanhando o nosso conteúdo que será de grande ajuda nessa jornada 😉. Sucesso. Um abraço.